Na rua do
morro, o sorriso vezes chora.
Vezes tantas,
grita e, grita novamente o lamento do inocente.
O choro
tantas vezes se cala aflito.
Você entende
o grito do choro?
O Silêncio
gritado do velho em trajes,
Nos trajes
surrados do velho que vai.
É o tempo...
O tempo que
não mudou a vida.
Do ancião que
a vida toda tentou,
Do homem que
foi menino.
O escritor poetizou.
Você consegue
ouvir o meu grito
No parágrafo
próximo?
A ferida da
periferia excluída.
O paisagista
pintou a rua do alto do morro.
Na gravura o
menino pedinte.
O menino da
paisagem é o velho que vai.
Quanta morte
este senhor viu?
No balaço
tombou o paisagista.
Que pintou a dor...
Na cor viva
do mar...
Mas pintou a
vida de agonia
Na favela...
Do velho que
vai.
E o velho
hoje vai bonito, botou terno, pegou a bíblia,
Trancou teu
barraco de vida só.
Hoje ele vai,
Vai com seu terninho
de linho que ganhou de um amigo pastor.
E o velho vai
majestoso subindo o morro.
Dono do seu
tempo.
Dono da tristeza
do olhar.
Tem invasão
da policia
Tem conflito,
dizem os jornais.
Sem saber que
entre tiros e exclusão.
Tem o velho
que vai.
O velho vai
quietinho, para alto do morro.
E o velho vai.
No abandono
do sistema o morro grita.
A alma aflita,
do flautista em acorde menor.
Que hoje
enche a favela do som do instrumentista.
Como a ultima
marcha do velho que vai.
Entre balaços
e conflitos,
No alto no
morro o velho já não mais vai.
Ergue os
braços no espaço, hoje trajando seu terninho bonito.
É de linho
fino ganhado do amigo pastor.
E entre os
tiros, se ouve o flautista em acorde menor.
Numa oração
quieta a Cristo.
O ombro
desloca do impacto primeiro...
Mesmo da dor
que faz gemer,
Ele abre sua
bíblia, e não vai mais...
E tem outro
impacto, ele tomba...
E dorme de
mãos postas...
Dorme de mãos
postas, sobre teu peito..
Com teu Cristo
dentro do teu coração...
No funeral
que desce do morro...
É cessar do
conflito...
Na urna que
desce entre os degraus.
Dentro esta o
velho que de mãos postas sorriu para Jesus.
Com o mesmo
terninho bonito, que ganhou do amigo pastor.
Do barulho do
morro, só seguindo o cortejo
Somente o
flautista.
Numa melodia
pro velho que vai.
Markus Libra
Markus de
Libra
Mostra uma conformação com a dureza da vida, mas traz consigo um grito interior de protesto, que não chega a se expressar.
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