sábado, 30 de março de 2013

O VELHO QUE VAI...


Na rua do morro, o sorriso vezes chora.
Vezes tantas, grita e, grita novamente o lamento do inocente.
O choro tantas vezes se cala aflito.
Você entende o grito do choro?
O Silêncio gritado do velho em trajes,
Nos trajes surrados do velho que vai.
É o tempo...
O tempo que não mudou a vida.
Do ancião que a vida toda tentou,
Do homem que foi menino.
O escritor poetizou.
Você consegue ouvir o meu grito
No parágrafo próximo?
A ferida da periferia excluída.
O paisagista pintou a rua do alto do morro.
Na gravura o menino pedinte.
O menino da paisagem é o velho que vai.
Quanta morte este senhor viu?
No balaço tombou o paisagista.
Que pintou a dor...
Na cor viva do mar...
Mas pintou a vida de agonia
Na favela...
Do velho que vai.
E o velho hoje vai bonito, botou terno, pegou a bíblia,
Trancou teu barraco de vida só.
Hoje ele vai,
Vai com seu terninho de linho que ganhou de um amigo pastor.
E o velho vai majestoso subindo o morro.
Dono do seu tempo.
Dono da tristeza do olhar.
Tem invasão da policia
Tem conflito, dizem os jornais.
Sem saber que entre tiros e exclusão.
Tem o velho que vai.
O velho vai quietinho, para alto do morro.
E o velho vai.
No abandono do sistema o morro grita.
A alma aflita, do flautista em acorde menor.
Que hoje enche a favela do som do instrumentista.
Como a ultima marcha do velho que vai.
Entre balaços e conflitos,
No alto no morro o velho já não mais vai.
Ergue os braços no espaço, hoje trajando seu terninho bonito.
É de linho fino ganhado do amigo pastor.
E entre os tiros, se ouve o flautista em acorde menor.
Numa oração quieta a Cristo.
O ombro desloca do impacto primeiro...
Mesmo da dor que faz gemer,
Ele abre sua bíblia, e não vai mais...
E tem outro impacto, ele tomba...
E dorme de mãos postas...
Dorme de mãos postas, sobre teu peito..
Com teu Cristo dentro do teu coração...
No funeral que desce do morro...
É cessar do conflito...
Na urna que desce entre os degraus.
Dentro esta o velho que de mãos postas sorriu para Jesus.
Com o mesmo terninho bonito, que ganhou do amigo pastor.
Do barulho do morro, só seguindo o cortejo
Somente o flautista.
Numa melodia pro velho que vai.

Markus Libra




Markus de Libra


sábado, 23 de março de 2013

Penso que Deus Dormiu Lá em Casa

        As vezes penso que Deus dormiu lá em casa, e a droga que tenho dito a mim mesmo, tenho gritado:
        - Não notei, não notei!
        - Quem sou eu que não notei a presença de Deus, quando estava escuro e eu precisava de luz?
        A minha alma saiu então pelas ruas perguntando por ai, para um e para outro.
        - Você viu meu Deus passar?    É que ele estava me cuidando e eu não notei, nem percebi quando  pegou na minha mão e me ensinou escrever poesia de passarinho.
        E agora, sei que é impossível ficar sem o amor, do meu Pai.   E tenho me encontrado só, nos meus poemas de dor, e hoje minhas lágrimas molharam meu computador.  
         E eu queria minha poesia sorrindo como pardais fazendo bagunça em quintais.  
         - Andei ansioso demais, meu Deus, como os tolos andam ansiosos pela vida, pela estrada da vida, na insegurança da minha vã sabedoria.   E eu estou pelas rua perguntando, e perguntei a rosa vermelha do jardim:
         - Por onde anda o Senhor que ter fez bela sobre espinhos?
         - E a droga é que não percebi nos olhos dos meus pais e dos meus filhos, não percebi Deus lá em casa.
          Não tenho tido onde chorar, se não nos meus poemas de dor, e eu que maltratei meu amor, eu que não brinquei com o meu cachorro no quintal, eu que nem liguei pra os meus filhos hoje.  Então não tenho onde chorar.  É que ninguém vive sem carinho e carinhos não mais quero perder.
          As feridas do meu Deus, Ele que saiu por ai, foi por minha causa que ele Chorou em Getsemani.
          E por que a poesia chora?
          E tenho carinho, mas eu não notei, não tenho notado, é que, tenho corrido no dia a dia.
          Mas agora eu peço:
          - Vou deixar a porta aberta, quando quiser vir ler meus poemas, vem.
          - Vou deixar a porta aberta e quero te mostra meu livro e falar pra todo mundo, que foi dons que me deu.

Markus Libra.