Para descobrir a tua voz...
Ele foi naufrago, de um barquinho de papel de caderno, feito a ponta de dedos... E o ser do sol era o brilho da manhã, e a manhã gritava o grito aflito do passarinho....
- Passarinho não chores tanto no teu cantado calado. Em lamento a manhã dizia, mas o passarinho chorou no fio pousado, olhando o galho do teu ninho no chão...
E com o biquinho pequeno, tocou os olhinhos pequenos da tua pequenina companheira.
Ela que olhava os filhotes no chão caídos.
Logo o amarelo do ipê cobriu o chão, e as flores amarelas foram cores ao funeral, da morte causada aos pequenos filhotes.
E a menina fazia barquinho de folha de caderno, e soltava na enxurrada depois da chuva, onde perto o passarinho triste chorava no fio pousado.
Foi depois da chuva que o lenhador desceu o machado. O ipê gritou, chorou lágrimas amarelas das flores caindo.
E Deus no céu, Deus no céu não se conforma, não mais se conforma.
Na certeza do poeta, Deus tem chorado.
Na certeza do poeta, Deus tem chorado.
E a enxurrada pequena levou o barquinho, que dentro ia o poeta. O navegante era o poeta, e o poeta viu a menina que fez o barquinho.
O poeta percebeu o passarinho com o biquinho tocar os olhinhos, os olhinhos da pequenina companheira.
A companheira que chorava um canto triste, olhando os filhinhos caídos feridos no chão onde esta o galho cortado.
E a avezinha olhou pra o céu azul, esperando Cristo vir socorrer...
O poeta percebeu o passarinho com o biquinho tocar os olhinhos, os olhinhos da pequenina companheira.
A companheira que chorava um canto triste, olhando os filhinhos caídos feridos no chão onde esta o galho cortado.
E a avezinha olhou pra o céu azul, esperando Cristo vir socorrer...
E o lenhador, o lenhador com teu machado se foi.
Ele foi naufrago pra descobrir a própria voz.
Pra descobrir a tua voz, ele naufragou de um barquinho de papel, papel de folha de caderno.
O poeta foi naufrago.
Pra descobrir a tua voz, ele naufragou de um barquinho de papel, papel de folha de caderno.
O poeta foi naufrago.
Barquinho feito a pontas de dedos por uma menina pequena que na rua brincava, onde tombou o ipê em corte de machado.
A menina de rostinho sujo de barro e cabelos de cachos, fez o barquinho e, soltou o barquinho de papel, na pequena enxurrada.
O barquinho flutuou e ela; ela foi seguindo, com um sorriso bonito, a margem do riacho imaginado, e ia a menina brincando que dentro do barquinho havia um poeta navegante de horizontes distantes.
O barquinho flutuou e ela; ela foi seguindo, com um sorriso bonito, a margem do riacho imaginado, e ia a menina brincando que dentro do barquinho havia um poeta navegante de horizontes distantes.
E o leito de enxurrada passou entre as flores do ipê tombado a margem da rua, e poeta viu os filhotes, a menina viu os filhotes... O poeta fez oração de lamento ao Deus do céu.
O sorriso da menina ficou pequeno, ela se viu entre as flores do ipê amarelo, entre os galhos cortado, e notou os filhotes entre as flores caídos.
O passarinho no fio cantou nervoso, o poeta fez prece, a pequenina companheira do passarinho, desceu ao chão.... apanhou a florzinha amarela do ipê, colocou no biquinho pequeno, e cobriu os filhotes, varias florzinhas, uma a uma.
Uma a uma, ela, a avezinha levou pra cobrir os filhotes...
Uma a uma, ela, a avezinha levou pra cobrir os filhotes...
O passarinho no fio cantava triste nervoso, olhando ela cobrir os filhinhos... Incontido.
A menina parou o barquinho, ficou olhando, ela e o poeta. E o passarinho cantou nervoso um canto triste.
E ele pousou ao chão de flores amarelas, o passarinho desceu ao chão. Colocou também a tua florzinha amarela.
Olhou terno em tua alma pequenina, e ela, a pequenina companheira olhou pra ele e com o biquinho pequeno tocou os olhinhos dele.
E foram-se, voaram pra o distante... O poeta e a menina, os viram sumir no fim do mundo.
Tudo foi silêncio, a menina enxugou lágrimas, o poeta navegante de barquinho de papel de caderno, levantou ancora.
O navegante ficou revoltado. E fez oração:
"Meu Deus!! Gritou...
Não deixe que a revolta me domine...
Porque?
Olha ai no chão caídos, meu Senhor...
Tu, trouxe os homens ao mundo, e olhe, o Senhor tem olhado o que fazem?
Será que não percebes o chorar das avezinhas... Eu mesmo ouvi o ipê gritando."
O navegante ficou revoltado. E fez oração:
"Meu Deus!! Gritou...
Não deixe que a revolta me domine...
Porque?
Olha ai no chão caídos, meu Senhor...
Tu, trouxe os homens ao mundo, e olhe, o Senhor tem olhado o que fazem?
Será que não percebes o chorar das avezinhas... Eu mesmo ouvi o ipê gritando."
A menina colocou o barquinho em leito de riacho, de enxurrada.
Ela triste deixou de brincar, e se foi.... E o barquinho sucumbiu depois do retorno da chuva e o poeta ficou naufrago... ilhado em lugar qualquer dos teus rabiscos.
E ele, nadou até a ilha pequena, sentou na areia da praia, abraçou os joelhos e, chorou....chorou o choro dos teus rabiscos....
Maravilhoso. Emocionante. O autor, sem esforço tocou o coração. Melancólico, porém, doce e suave.
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